Por Ricardo Mallet*
Um gestor estava a caminho da empresa quando, ao parar num semáforo, foi surpreendido por uma vendedora de rua. “Hoje o dia vai ser longo e o senhor vai precisar de energia extra. Eu tenho a solução aqui por apenas R$ 2!” disse a vendedora de chocolates, uma garota humilde de uns 20 anos. Muito mais do que a impactante frase usada na abordagem, foi a inegável energia transmitida pelo tom de voz e expressão facial da menina que fez o gestor abrir a carteira. Era nítido que ela fazia aquela venda como se fosse a obra prima de toda a sua vida. Mas, de fato, aquela seria apenas uma dentre as centenas de abordagens que ela faria somente naquele dia! Após um breve momento de encantamento, surge na mente do gestor um pensamento que carrega um profundo sentimento de desgosto: “Por que minha equipe não trabalha com esse entusiasmo?” Apesar de receberem um salário 5 vezes maior do que aquele que a vendedora de rua conseguiria alcançar trabalhando de sol a sol, 9 dentre os seus 10 funcionários trabalhavam com baixo engajamento** e aparentemente faziam apenas o mínimo necessário para não serem demitidos. Naquele momento, o gestor ainda não tinha a resposta. Mas a questão nunca saiu da sua cabeça: porque algumas pessoas, mesmo ganhando pouco, trabalham com tanto entusiasmo enquanto outras, ganhando muito mais, não gostam do seu trabalho? Se você gerencia uma equipe, possivelmente já deve ter se perguntado isso algumas dezenas de vezes. E se o meu artigo conseguiu atrair a sua atenção até aqui, você vai finalmente descobrir a resposta. O principal motivo que leva uma pessoa a gostar do seu trabalho é a aderência entre as suas tarefas (desafios) e os seus talentos (perfil). Segundo pesquisas realizadas pela Gallup com mais de 2 milhões de funcionários, pessoas que têm a oportunidade de fazer todos os dias no trabalho o que fazem de melhor são 6 vezes mais propensas a estarem engajadas. Uma unidade de negócio cujos funcionários vivem essa situação é 44% mais propensa a ter clientes satisfeitos, tem 50% mais probabilidade de ter baixa rotatividade de funcionários e 38% mais probabilidade de ser altamente produtiva. Se esses dados parecem um pouco exagerados, basta lembrar que muitas pessoas trabalham até de graça quando se sentem identificadas com aquilo que fazem. Algumas nem chamam isso de trabalho e sim de hobby, passatempo ou mesmo diversão. Talvez você prefira acreditar que a sua área ou a sua empresa não oferece um trabalho tão motivante quanto vender chocolates no semáforo, mas isso não é verdade. Qualquer área de uma empresa, mesmo aquelas que exigem trabalhos considerados por alguns como “enfadonhos”, pode oferecer oportunidades de realização para determinados perfis de funcionários. Mas para isso, você deve dominar e colocar em prática estes 3 passos: 1º Descubra o perfil atitudinal dos seus funcionários Não se iluda com o currículo. Uma pessoa pode ter sólida formação e experiência numa área, mas isso não garante que ela vai se realizar trabalhando com isso. O que realmente conta é se o seu perfil atitudinal tem a ver com as tarefas que ela desempenhará no seu dia a dia. Apesar desse conhecimento ser um tanto sofisticado e fundamentado na neurociência, existem ferramentas que podem trazer essa informação pra você de forma simples e acessível. Temos ensinado com muito sucesso essas técnicas para os nossos clientes em treinamentos tanto presenciais quanto online. 2º Coloque as pessoas certas no lugar certo Não basta conhecer o perfil atitudinal dos funcionários e continuar desperdiçando seus talentos em funções inaderentes. Quem tem talento para vender, vende. Quem tem talento para administrar, administra. O ideal é que pelo menos 80% das tarefas que uma pessoa vai desempenhar na sua rotina tenha aderência com o seu perfil. E essa também é uma informação que você pode obter por meio de instrumentos simples e acessíveis. 3º Invista nos pontos fortes e minimize o dano causado pelos pontos fracos Ninguém é 100% aderente a todas as tarefas de uma função. Sempre haverá aquele relatório que o vendedor não gosta de preencher ou aquela reunião com o cliente durante a qual um profissional mais introspectivo vai se sentir desconfortável. Existem muitas situações na rotina de qualquer profissional que o leva a desempenhar tarefas que estão fora da sua zona de conforto. Como líder, você deve reforçar ainda mais os pontos fortes do profissional garantindo que ele tenha muitas oportunidades de usar seus talentos na rotina. E, quando surgirem as poucas tarefas nas quais o seu perfil é inaderente, você deve minimizar o dano através de educação e treinamento. Para cada um desses passos existem métodos que você pode aprender e aplicar imediatamente. É claro que a aderência entre tarefas e talentos não é o único fator que leva as pessoas a se motivarem no trabalho. Entretanto, esse é um fundamento da liderança que, uma vez posto em prática, traz resultados surpreendentes e sustentáveis, porque as pessoas se realizam quando têm a oportunidade de fazer, todos os dias, o que fazem de melhor. E não importa se isso significa planejar uma missão tripulada a Marte ou vender chocolates no semáforo. Se quiser saber mais sobre como colocar as pessoas certas no lugar certo, convido você a se inscrever no meu Treinamento de Liderança Online. ** Dado real revelado pela pesquisa de engajamento Q12 da Gallup. * Ricardo Mallet é diretor da Unani.me. Graduado em Gestão Empresarial com extensão em Estilo de Gestão e Liderança pela FGV, consultor e palestrante com 25 anos de experiência no mercado de treinamentos. Certificação internacional em Coaching, Mentoring e Holomentoring® do Sistema ISOR®
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Por Ricardo Mallet*
O ano que passou foi um atropelo para grande parte dos gestores. Sobre isso não há dúvidas. Mas, apesar dos pesares, você decidiu manter uma atitude positiva e iniciar o novo ano com o pé direito, fazendo o seu plano de gestão para 2017. Ótimo! Agora, a grande questão é: será que, desta vez, seus objetivos gerenciais vão mesmo se realizar? Talvez você ainda não saiba, mas no planejamento gerencial existem algumas armadilhas ocultas. Elas são como uma poça lamacenta que te mantém atolado, atrasam seus resultados e frustram seus esforços, causando muita angústia e ansiedade. E se, ao invés de ficar patinando por mais um ano, você iniciasse 2017 com o pé direto nos seus objetivos? (Sim. Você leu corretamente “pé DIRETO nos seus objetivos”) Quando o assunto é planejar, não precisamos reinventar a roda. As duas ações gerenciais inevitáveis e imprescindíveis do planejamento são: estabelecer metas e determinar métodos. Porém, é nas entrelinhas destas ações que surgem as piores armadilhas. Na hora de planejar suas ações gerenciais, fique atento para não ficar atolado nos seguintes pontos: Cada um com os seus problemas A primeira armadilha gerencial que você pode evitar é acreditar que todos sabem o que deve ser feito. Você ficaria chocado ao descobrir a quantidade de funcionários que trabalham sem ter metas claras ou saber suas prioridades de rotina. Nas empresas, 67% dos funcionários não sabem o que se espera deles no trabalho. Em alguns casos, isso acontece simplesmente porque o gerente não informou as metas para a equipe. Mas, noutros casos, as pessoas desconhecem as metas porque elas realmente não existem! As metas nada mais são do que os problemas que a sua área ou a sua empresa precisa resolver para contribuir com a satisfação das partes interessadas. Procure esses problemas e você vai identificar suas metas gerenciais. Mas como encontrar esses problemas? Bem, um problema é um resultado indesejável de um processo. Por exemplo: se você gerencia a área de vendas, um resultado indesejável do seu processo é vender pouco. Ou se você gerencia a área de produção, alguns problemas indesejáveis do seu processo são a baixa produtividade e o alto desperdício de materiais. Como uma meta é um problema, e um problema é um resultado indesejável de um processo, as metas estão sempre nos fins e nunca nos meios. Pense: quais são as finalidades da sua área? É aí que você vai encontrar as suas metas gerenciais. Estabelecer as metas e comunica-las à sua equipe é a ação mais fundamental do seu planejamento para 2017. Sem isso, seus objetivos para o ano não se realizarão. Tome cuidado com as boas intenções Eventualmente, nos treinamentos, eu pergunto aos participantes se eles têm alguma meta na vida. Daí eu costumo receber respostas como: “Ah, tenho sim! Eu quero conquistar a independência financeira” ou “Eu quero ser reconhecido como um profissional de sucesso” e ainda “Minha meta agora é emagrecer”. Pois bem, apesar desses objetivos serem todos dignos e importantes, eles não são, de fato, metas! Eles são apenas... boas intenções. E onde está a diferença? A diferença entre ter uma meta e ter apenas uma boa intenção está no conteúdo que compõe o enunciado. Então, pra você evitar também essa armadilha, o enunciado da sua meta precisa conter estes 3 componentes: objetivo, valor e prazo. O objetivo é o problema a ser resolvido; o valor é o número e a métrica que definem o alcance do objetivo; e o prazo é a data limite para o alcance do objetivo ou a recorrência em que deve ser alcançado. Por exemplo: vender 200 notebooks por mês. Sua equipe precisa ter mais do que apenas boas intenções. Quantas boas intenções de início de ano resultam em nada por falta de objetividade, direção e compromisso? Como diz uma frase atribuída a São Bernardo de Claraval: “O caminho do inferno está pavimentado de boas intenções”. Prepare-se para a jornada E por falar em caminho, vale lembrar que, além do estabelecimento das metas, o planejamento demanda a determinação dos métodos. Método é uma palavra que se originou do grego e é a soma das palavras Meta e Hodós. Meta significa “resultado a ser atingido” e Hodós significa “caminho”. Portanto, o método pode ser entendido como o “caminho para a meta” ou “o caminho para o resultado”. O método é também o plano da viagem que nos leva da situação atual pra situação desejada, onde o problema é resolvido. E nessa jornada nós teremos algum tipo de custo, seja um custo financeiro, de trabalho ou de tempo. Assim, uma das grandes armadilhas do planejamento gerencial que você poderá evitar é querer iniciar a jornada, mas sem estar preparado para bancar os custos envolvidos. Elaborei uma lista de verificação, como se fosse um checklist de viagem, para ajudar você a preparar-se melhor para a jornada e realizar seus objetivos gerenciais em 2017.
É claro que estabelecer as metas e determinar os métodos não é garantia alguma de sucesso. Porém, sem um planejamento estruturado, suas chances de fracasso são colossais. Aproveite este momento em que um novo ciclo se inicia para planejar em profundidade suas ações gerenciais. Desejo que você comece o ano novo com o pé DIRETO nos seus objetivos. Muito sucesso em 2017! Se quiser saber mais sobre como planejar sua gestão, convido você a se inscrever no meu Treinamento de Liderança Online. Por Ricardo Mallet*
Ser livre para desfrutar da vida com saúde e independência financeira. Esse é o sonho de absolutamente todas as pessoas que conheço. Mas, infelizmente, são poucos aqueles que conseguem vencer essa batalha. Para a grande maioria, a luta é diária e o inimigo parece mesmo ser imbatível. Mas, afinal, quem é ele? O maior inimigo das nossas metas é o abandono. Iniciamos o ano ou um novo ciclo de vida alimentando grandes sonhos para, logo em seguida, simplesmente deixá-los morrer de fome. Precisamos aceitar que quanto mais desafiador for o nosso objetivo, maior será a necessidade de alimentá-lo com uma execução disciplinada. Noutras palavras: a disciplina é o ônus da liberdade. Sempre quando penso sobre a importância da disciplina na execução para atingir metas desafiadoras, lembro do filme “Um sonho de liberdade” com Tim Robbins e Morgan Freeman. O longa-metragem de 1994 mostra a história de Andy Dufresne, um jovem banqueiro que é injustamente condenado à prisão perpétua por duplo homicídio e que, durante sua estada na prisão, arquiteta e executa um audacioso e disciplinado plano de fuga. Eu sei que pode até parecer um tanto estranho usar essa analogia, principalmente numa época em que assistimos a tantas prisões de altos executivos no nosso país. Mas esse filme nos oferece uma representação muito clara sobre a importância da execução disciplinada para realizarmos nossos sonhos mais desejados. A seguir, descrevo 4 dicas extraídas do filme para você evitar que suas metas acabem no abandono. Dica 1: simplifique a rotina Quando você tem um objetivo audacioso, o primeiro desafio é descomplicar a sua rotina. Isso porque uma rotina caótica é uma ladra de tempo, recurso sempre limitado a 24 horas/dia. No filme, o protagonista mostra uma impressionante capacidade de organização de suas tarefas diárias e isso resulta claramente numa grande vantagem para a execução do seu plano de fuga. Se você quer realizar um sonho audacioso, vai precisar liberar tempo e ter energia suficiente para fazer um esforço adicional. A falta desses recursos são, sem dúvida, as causas mais comuns do abandono de uma meta. Dica 2: acompanhe a execução Outra falha comum é não formalizar um sistema de acompanhamento do plano. De nada adianta fazer o planejamento mais genial do mundo e depois ficar à mercê das inúmeras distrações que surgem no meio do caminho. A mente humana é naturalmente dispersa e facilmente atraída por diversões. Ter foco no acompanhamento da execução é outra característica que fica muito evidente na personalidade de Andy Dufresne. Por exemplo: sua obstinação ao escrever uma carta por semana ao Senado Estadual, durante 6 anos, foi o que garantiu o recebimento de recursos financeiros suficientes para construir uma biblioteca na prisão. Se você quer atingir uma meta desafiadora, deverá acompanhar a execução pelo tempo que for preciso. A falta de acompanhamento é a expressão máxima do abandono. Fique atento! Dica 3: avalie seus esforços A expressão “trabalhar feito burro” é adequada para representar outro erro comum na execução. É certo que grandes realizações demandam grandes esforços. Mas não podemos esquecer de avaliar constantemente se nossos esforços estão, de fato, gerando os resultados desejados. Caso contrário, estamos apenas fazendo um “trabalho burro”. Cavar um túnel de fuga usando um pequeno martelo de quebrar pedras é, sem dúvida, um esforço hercúleo. Mas Dufresne só se submeteu a essa tarefa porque avaliou racionalmente quanta pressão e quanto tempo seriam necessários para alcançar seu objetivo. Se você quer atingir uma meta desafiadora, não abandone a razão. Avalie constantemente os seus esforços. Dica 4: melhore ou mude o plano, caso necessário E por falar em abandono da razão, vamos lembrar a famosa definição de insanidade que diz “insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Assim, ao perceber que os seus esforços não estão gerando os resultados desejados, é hora de melhorar ou mudar o plano. Na história, apresentaram-se 3 possibilidades de liberdade ao protagonista. A primeira, ser absolvido pelo júri, foi descartada logo de início. A segunda, contar com o depoimento de outro preso sobre sua inocência, foi inviabilizada pela morte da testemunha. Mas Dufresne não se permitiu ficar limitado a nenhuma dessas possibilidades. Nada poderia impedir seu sonho de liberdade. Se você quer atingir um objetivo difícil, eventualmente precisará estar disposto a abandonar um plano ineficaz. Por isso, melhore ou mude o plano, caso necessário. Simplificar a rotina, acompanhar a execução, avaliar seus esforços e melhorar o plano. Essas 4 dicas não são ações pontuais e sim uma filosofia de vida que é muito bem representada na história de Andy Dufresne, o banqueiro injustamente condenado que, com sua execução disciplinada, realiza o seu sonho de liberdade. E se quiser buscar inspiração para implementar uma rotina com mais disciplina e atingir suas metas, vale a pena ver ou rever o filme. Fica a dica! Um grande abraço. Se quiser saber mais sobre como vencer o maior inimigo das suas metas gerenciais, convido você a se inscrever no meu Treinamento de Liderança Online. * Ricardo Mallet é diretor da Unani.me. Graduado em Gestão Empresarial com extensão em Estilo de Gestão e Liderança pela FGV, consultor e palestrante com 25 anos de experiência no mercado de treinamentos. Certificação internacional em Coaching, Mentoring e Holomentoring® do Sistema ISOR®. |
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