Por Ricardo Mallet* Ferreira era um profissional dedicado. Levava a sério seu trabalho e sempre fez questão que as coisas fossem executadas da melhor forma possível, sem erros, precisas. Seu evidente comprometimento com a qualidade não demorou a gerar ótimos resultados em sua área e Ferreira passou a lograr de um grande respeito por parte da diretoria. Apesar da dedicação excessiva, sobrava tempo até para tomar uma cervejinha com os colegas no final do expediente. Tudo ia bem. Alto comprometimento = alta produtividade = metas alcançadas. E a empresa cresceu. Agora, para dar conta da demanda, foram contratados mais três colaboradores para trabalhar na mesma área de produção do Ferreira. Três novatos precisando de treinamento e supervisão. Adivinha quem foi promovido para liderar esse povo? Ferreira, é claro! Afinal, ninguém era mais competente e comprometido. Juntamente com um aumento de salário, ele recebeu um tapinha nas costas e três bocas para alimentar. Ferreira assume a responsabilidade e, como é sua característica, passa a exigir e cobrar perfeição em todas as etapas da produção. Preciosista, impaciente e intolerante ao erro, acredita que ninguém conseguiria fazer melhor do que ele. Sua grande competência técnica, antes vantajosa, representa agora uma enorme armadilha. Ferreira experimenta verdadeiras dificuldades para educar e treinar sua equipe e não consegue compreender porque seus liderados não executam com a mesma maestria que ele sempre valorizou. Dentre os três, apenas Gomes demonstrava alta competência e comprometimento com a qualidade. Mesmo assim, o resultado médio da equipe não era suficiente. Baixo comprometimento = baixa produtividade = metas não alcançadas. Adeus cervejinha no final do expediente. Ferreira passou a se ocupar com “pepinos”, “incêndios” e recorrentes relatórios de produção. O que aconteceu? A empresa perdeu um excelente técnico e ganhou um líder em apuros. Ferreira não brilhava mais aos olhos da diretoria. Era um problema, uma pedra no sapato. Os resultados de sua área eram pífios e a empresa precisou cortar custos. Adivinha o que vem a seguir? Juntamente com uma carta de demissão, Ferreira recebeu uma caixa de papelão para levar seus pertences e a incumbência de indicar um novo supervisor. Gomes era certamente a melhor opção. Afinal, era o mais competente da equipe. Num ato final de comprometimento e dignidade, Ferreira despede-se de Gomes com um incentivo: “Parabéns! Você é líder. Agora, se vira...” Esta é uma história baseada em fatos reais. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Enquanto as empresas não aprenderem a selecionar e treinar seus próprios líderes, talentos serão desperdiçados e resultados comprometidos. Apesar da competência técnica ser importante para um líder eficaz, a liderança exige o desempenho de outras competências; e isso só se alcança com seleção criteriosa, educação e treinamento, não apenas com um aumento de salário. Será que na sua empresa essa história se repete? Se quiser saber mais sobre como ser um líder efetivo, conheça nosso serviço de mentoring para líderes. * Ricardo Mallet é diretor da Unani.me. Graduado em Gestão Empresarial com extensão em Estilo de Gestão e Liderança pela FGV, consultor e palestrante com 20 anos de experiência no mercado de treinamentos. Certificação internacional em Coaching, Mentoring e Holomentoring® do Sistema ISOR®.
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